Luiz Cezar Schorner
Professor da rede estadual de ensino, dirigente do SINTE Regional e do Sinsep
A afirmação da gerente Regional de Educação, senhora Deni Rateke (ANJaraguá, edição de 22 maio de 2009), de que o problema da falta de contratação de professores substitutos àqueles que estiveram ou estão em licença médica está na burocracia é uma prova - não a única - de que o governo LHS (PMDB-PSDB-DEM), como diria aquele deputado, "está se lixando" para a Educação. Será que na era da informática não é possível contratar professor em tempo hábil? Será que o prejuízo educacional dos alunos compensa o não pagamento de uma multa por parte do governo?
Dizer que os alunos que ficaram sem aulas de determinada matéria por quinze, vinte ou até trinta dias não têm prejuízo é de uma irresponsabilidade sem tamanho. É brincar com a inteligência das pessoas. Quanto àqueles alunos que tiveram aulas com outros profissionais que não dos especialistas da matéria: que tipo de aulas tiveram? Qual a qualidade do aprendizado? Difícil concordar com a gerente quando afirma que não houve ou há prejuízo aos alunos.
Nas declarações da gerente de Educação há outros agravantes. Deni Rateke transfere a responsabilidade pela falta de contratação de professores substitutos aos próprios professores que, segundo ela, não têm comprometimento com a educação. Mas a gerente não disse qual a causa do problema. Por que os professores ficam doentes? Por que há um número tão grande de professores em licenças médicas? Qual o comprometimento do governo de SC com a saúde de seus professores? Já houve algum trabalho sério de prevenção de doenças na rede estadual de ensino?
Os professores da rede estadual recebem salários aviltantes, o que faz com que a maioria absoluta tenha de executar jornadas de trabalho absurdas (muitos trabalham até 60 horas semanais..). Não bastasse isso, salas de aulas superlotadas, condições de trabalho precárias, quase nenhuma requalificação profissional, violência nas escolas, também são causas das doenças dos professores. E o governo LHS, o que faz para melhorar esta situação dramática? Responsabiliza injustamente os professores.
Ao invés de desenvolver uma política séria de prevenção de doenças entre os professores, valorizá-los, pagando salários justos, melhorando as condições de trabalho, o que faz o governo? Encaminha à Assembléia Legislativa do Estado de SC quatro projetos de Lei que retiram direitos históricos dos professores e ataca desavergonhadamente a categoria, historicamente tão maltratada. Também não reconhece a Lei do Piso Nacional do Magistério e também não cumpre a Lei ao não organizar o Conselho Estadual do FUNDEB (Fundo do Desenvolvimento da Educação Básica)
A falta de comprometimento não é do professor, e sim do governo de SC e de seus cães de guarda que, ao invés de transferir responsabilidades que são suas, deveriam estar, realmente, promovendo uma Educação de Qualidade para todos. Não é de hoje que se põe a culpa da doença no doente. Santa Catarina é um Estado onde a Educação não é levada a sério. É uma brincadeira de mal gosto.
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